terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Tragédia? O 2016 do São Paulo foi muito melhor que a encomenda

(Créditos: Rubens Chiri/Saopaulofc.net)
Um clube que teve a proeza de ter um processo de impeachment depois de uma série inacreditável de fatos. Um time que passou por uma humilhação daquelas ao perder para o maior rival com o time reserva e já campeão. Um elenco que só conseguiu se classificar para a Copa Libertadores depois de dois jogos de nível técnico horrendo e com gols no final de cada uma dessas partidas. Uma casamata que teve quatro treinadores. 

Esse foi o São Paulo de 2015, em suma. Um ano que merecia muito menos do que foi conseguido - obrigado Juan Carlos Osorio, Paulo Henrique Ganso e Alexandre Pato, que levaram o time nas costas rumo à Libertadores. O 2016 da equipe tinha tudo para ser uma verdadeira tragédia. 

Muitos torcedores realmente devem achar que o 2016 do São Paulo foi uma tragédia de fato - muito por conta de mais um ano sem títulos conquistados e por um ou outro flerte com a Zona de Rebaixamento. A frase que esses torcedores falam é algo como "Isso é muito pouco para um clube tão grande quanto o São Paulo". 
(Créditos: Marcos Brindicci/Reuters)
Sim, é mesmo. Mas os torcedores, no alto do clubismo e arrogância (características que perseguem a torcida são-paulina desde sempre), não veem que o futebol é feito de fases. E a fase atual do São Paulo é ruim por conta do péssimo planejamento e de diretorias que não cansam de fazer besteiras - desde 2011, aliás. 

Pensemos aqui, friamente:

- O São Paulo chegou a uma semifinal de Libertadores - foi o melhor time do Brasil na competição e foi mais longe que clubes na crista da onda (River Plate, Corinthians, Rosario Central e Palmeiras, além de ter parado na mesma fase do Boca Juniors). O Tricolor só foi eliminado pelo campeão Atlético Nacional de Medellín, e após duas partidas com erros absurdos de arbitragem

- Apesar de por vezes flertar com a Zona de Rebaixamento, o São Paulo não encerrou nenhuma rodada no Z4 - algo até surpreendente para quem veio de um 2015 tão ruim
(Créditos: Rubens Chiri/Saopaulofc.net)
- O São Paulo fez 4x0 no Corinthians, dando um troco moral no maior rival no chamado "M4jestoso da Cuevadinha" - que teve, além de tudo, no mínimo duas expulsões claras não executadas pelo árbitro e que prejudicaram o resultado final do jogo

- O São Paulo manteve o tabu ante o Palmeiras (outro grande rival) no Moumbi: o time alviverde não ganha do Tricolor fora de casa desde 2002. O lance teve o épico lance no qual Kelvin entortou Zé Roberto

- Tão criticado por muitos (não sou desse grupo), o técnico Edgardo Bauza deixou um legado no São Paulo: a fortíssima defesa. O SPFC acabou o Brasileirão com a quinta melhor defesa do campeonato: apenas trinta e seis gols sofridos. O sistema consagrou Maicon, que logo tornou-se ídolo da torcida
(Créditos: SPFC.net/Reprodução)
- Depois de anos e anos, um antigo pedido da torcida e da diretoria foi atendido: a valorização das categorias de base. Dos quarenta e um jogadores utilizados só no Brasileirão, quinze vieram do tão falado CT de Cotia

- Se a diretoria seguiu trazendo jogadores que em nada agregaram e não pôde fazer muito quanto a craques que saíram (sobretudo Ganso e Calleri), dois caíram como uma luva no time: Christian Cueva e Maicon

Tragédia? Como pode ver, o são-paulino tem que agradecer aos céus pelo 2016 que teve. Foi muito melhor que a encomenda. E, vale dizer: 2017 ainda não vai ser o ano do Tricolor, que precisa se reconstruir e voltar a ser protagonismo. Vale dizer sempre que, até 2005, o São Paulo bateu na trave desde 2002, no mínimo.
(Créditos: Mauro Horita/Estadão Conteúdo)
O ano é 2018. Se o clube seguir controlando bem o dinheiro (dos poucos pontos positivos da gestão do presidente Leco), o Tricolor pode voltar a sonhar com algo grande em dois anos. Jamais apostaria em Rogério Ceni para 2017, mas obviamente vou torcer para que ele consiga bons resultados. 

Que 2017 seja surpreendentemente positivo, bem como 2016. E sem deixar margem para dúvida. 

quinta-feira, 24 de novembro de 2016

O 2017 do São Paulo começa em 2011 - e tem tudo pra seguir sendo ruim

(Créditos: Ariovaldo Maia/Reprodução)
O São Paulo, dos únicos seis times que nunca foram rebaixados na história do Campeonato Brasileiro, assegurou a permanência na Série A de 2017. A ~conquista~, porém, não foi alcançada por méritos próprios, mas sim por conta da derrota do ameaçadíssimo Internacional para o Corinthians. 

A situação, aliás, é uma ótima síntese do que foi boa parte de 2016 do São Paulo. Uma campanha horrível no Paulistão (levando quatro gols do surpreendente Audax nas quartas-de-final, ficando de fora das semifinais do Estadual pela segunda vez nos últimos três torneios e jogando fora de casa a partida eliminatória por ter ido pior que o time de Osasco na primeira fase); uma eliminação vergonhosa para o Juventude na Copa do Brasil, perdendo em pleno Morumbi para um time que não conseguiu chegar nem na final da Série C; e um Campeonato Brasileiro quase sempre na metade de baixo da tabela - isso com a sexta maior folha salarial do país. Um desastre completo.

Ao contrário de tudo isso, não sou dos torcedores que acham o ano inteiro ruim. Acho o segundo semestre tenebroso, mas o primeiro teve, se deixar, mais altos que baixos. Tudo por conta da campanha monumental na Libertadores, quando o desacreditado time suou sangue para chegar até a semifinal e ser eliminado de maneira bem controversa pelo campeão Atlético Nacional de Medellín. Uma Copa dessas, amigo, vale demais.

O que, então, deu certo na Libertadores e falhou tão retumbantemente no resto do ano? Podemos dividir essa explicação em alguns tópicos:
(Créditos: Leandro Martins/Estadão Conteúdo)
- Importância da competição: a Libertadores é o torneio mais importante da América do Sul. Mais do que isso, o torcedor do São Paulo nunca escondeu o quanto gosta do torneio e faz questão que o time vá bem nela - mesmo que, pra isso, escanteie outros certames

- Técnico: Edgardo Bauza, então técnico são-paulino conhece a Libertadores - levou duas equipes que nunca tinham vencido o torneio (LDU, em 2008; e San Lorenzo, em 2014) ao título. O estilo de jogo implementado por Patón, privilegiando a defesa, também contou pontos

- Calleri e Ganso: o argentino foi o artilheiro da Libertadores, enquanto o meia foi o jogador que mais deu assistências para os companheiros. Tudo isso sem jogar a final. 

- Trujillanos: antes de enfrentar o time venezuelano no Morumbi e humilhar os Guerreros de la Montaña por 6x0 (maior goleada da Libertadores de 2016, junto com a vitória do Corinthians sobre o Cobresal), o Tricolor tinha uma derrota (em casa) e dois empates. O triunfo fez o clube, que corria seríssimo risco de cair na primeira fase da Copa pela primeira vez desde 1987, reagisse.

- Luiz Cunha: o diretor de futebol conseguiu blindar o elenco e dar uma paz pouco vista ao grupo de jogadores desde o trágico terceiro mandato de Juvenal Juvêncio, iniciado em 2011. Com ele, tudo era feito na surdina e não vazava para a imprensa - algo muito bem quisto. 

O ciclo sem fim começa, justamente, na eliminação com uma série de erros de arbitragem do São Paulo pela Libertadores. Sem a competição preferida da torcida, Calleri e Ganso foram vendidos. Bauza saiu pouco depois. Luiz Cunha já havia saído no espaço entre a classificação heroica contra o Atlético Mineiro e a eliminação para o Atlético Nacional. E, bem, no Brasileirão não existem times tão fracos como o Trujillanos. 
(Créditos: Fabio Suzuki/Lancenet)
Erros foram se sucedendo no segundo semestre. Da eliminação na Libertadores até agora, foram sete vitórias, sete empates e dez derrotas - aproveitamento de 38,8% dos pontos, que colocaria o São Paulo atrás do Vitória no Brasileirão, último time fora da zona de rebaixamento. Como você pode ver, nada é por acaso.

O planejamento foi inteiramente bagunçado. Ao todo, chegaram trinta e três jogadores e saíram trinta e um - sendo que onze chegaram e logo saíram, e três tiveram pelo menos duas transferências. Um clube que tem a média de mais de cinco mudanças no elenco por mês pode tudo, menos ter um bom ano. 

A própria diretoria também mudou bastante. Nomes como o do próprio Luiz Cunha, Gustavo Vieira de Oliveira, Rubens Moreno, Ataíde Gil Guerreiro, José Alexandre Medicis da Silveira e José Jacobson Neto se revezaram em duas ou três funções, que não foram bem explicadas para ninguém até hoje. 

E é a diretoria o ponto nevrálgico dessa situação toda. 

Desde o já citado terceiro mandato de Juvenal Juvêncio, as diretorias do São Paulo não cansam de errar. De 2011 para cá, um dos clubes mais vitoriosos do Brasil ganhou apenas um título - muito mais pela união do grupo de 2012, que queria dar um troféu para coroar o ciclo de Lucas Moura no SPFC. Até mesmo uma impensável renúncia aconteceu, tudo marcado por denúncias de corrupção e bravatas que pouco combinam com o histórico das diretorias tricolores. 
(Créditos: Reprodução/Gazeta Press)
Carlos Augusto de Barros e Silva, o popular Leco, entrou em 2015 para estancar a sangria da tenebrosa gestão de Carlos Miguel Aidar. De lá para cá, empenhou-se em votar o novo estatuto do clube - que, ao menos em tese, traz o São Paulo para o século XXI. Seria lindo se, no caminho, não fossem vários casos que serviram apenas para irritar o torcedor e conturbar o ambiente

Em uma dessas lástimas que só o São Paulo é capaz de proporcionar, a eleição interna acontece em abril - com a temporada já a pleno vapor. O planejamento feito pode muito bem ser rasgado por caprichos de um mandatário ou de uma diretoria de oposição. E, como se a situação já não fosse ruim o bastante, 2017 é ano eleitoral. Ou seja: se 2017 começar bem, tudo pode mudar; se começar mal, pode ser que fique ainda pior - ou você realmente acha que, na atual situação, o São Paulo pode voltar às boas a curto prazo? 

No futebol, a diretoria é de um papel tão lastimável que nos lembra porque boa parte dela é amadora. Para substituir Edgardo Bauza veio Ricardo Gomes, que estava prestes a entrar na zona de rebaixamento com o Botafogo. O time carioca não poderia fazer muito mais que isso e o que o substituto Jair Ventura faz com o time é magnífico, mas claramente faltou ambição ao São Paulo. 

Como os resultados obviamente não vieram, a diretoria ficou espremida entre as críticas e bancar o treinador. Quatro manchetes ilustram a situação de maneira perfeita:

Já tínhamos ao menos um bom nome no mercado - se não para aquele momento, para o próximo ano. A vitória sobre o Fluminense veio, em uma partida que diz muito sobre a equipe: um primeiro tempo medonho; uma segunda etapa que, a partir de um erro clamoroso do adversário, fez o time voar em campo


Ricardo Gomes estava garantido, ao menos, até o fim do ano. Mesmo assim, convivia com a pior concorrência que alguém pode sofrer: o maior ídolo da história do clube, que estudava para se tornar técnico de futebol - e, obviamente, não tem nenhuma experiência no cargo.


Após a inesquecível goleada no Majestoso, o presidente decide apostar no técnico para o próximo ano. Eu mesmo pedia para que o treinador ficasse até o fim do ano por uma série de motivos, mas jamais o queria em 2017


É isso mesmo: oito dias (e um empate e uma derrota) depois de ser garantido para o ano seguinte, Ricardo Gomes foi sumariamente demitido da maneira mais vexatória e antiprofissional possível. 
(Créditos: Reprodução/Gazeta Press)
Não é possível confiar numa diretoria dessas, que em pouco mais de um mês erra ao menos quatro vezes (cada manchete representa pelo menos um erro, como pode ver) e muda o destino do clube ao sabor do resultado e da pressão da torcida, não do trabalho realizado. Seja com Ricardo Gomes, com Rogério Ceni ou com Jesus Cristo.

A chegada de Rogério Ceni, aliás, merece uma menção especial. Ela não pensa no futuro do clube, mas sim em atender à pressão da torcida (que precisa se sentir identificada com o time em campo) em ano eleitoral. Os cartolas fizeram o que a torcida querida: se der errado, a culpa é dos jogadores, e não deles. Politicamente brilhante - e de uma canalhice sem tamanho, já que o goleiro-artilheiro jamais treinou sequer uma equipe de juniores. Portanto, pro mais fã que eu seja de Rogério Ceni (é impossível ser são-paulino e não ser), sou contra a chegada dele nesse momento. Não me peçam pra bater palmas nem pra comemorar isso. Vou torcer, óbvio, mas o potencial de dar errado é imenso.

Não espere que 2017 seja muito diferente do que foi 2016 para o São Paulo. Títulos só com um elenco bem aguerrido (qualificado é algo bem difícil), um ou outro jogo memorável, algumas derrotas doloridas. 

Mais um ano na pasmaceira. Enquanto a diretoria não for mudada ou mudar de atitude, teremos vários 2016 nos próximos anos. 

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

A direita à direita

(Créditos: AFP/Reprodução)
PS: esse texto busca fazer uma análise, e não uma crítica. Não é o que o blogueiro está acostumado a fazer - é, na verdade, quase um desafio. Nem de longe o blogueiro compactua com esse tipo de pensamento (é, aliás, muito combatido e criticado por ele), mas analisar também faz parte do processo racional - até para poder criticar com mais conhecimento da causa e sem falar asneiras. 

Como boa parte de tudo que diz respeito à civilização como conhecemos hoje, o conceito do que é "esquerda" e "direita" na política surgiu na Revolução Francesa. Na Assembleia Nacional Constituinte, que buscava limitar os poderes do rei e tornar a sociedade mais justa (tanto que originou a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão), existiam três grupos, sendo dois mais famosos:

- Girondinos: representantes da alta burguesia, que se sentavam à direita do rei
- Jacobinos: representantes da média e baixa burguesia, que se sentavam à esquerda do rei

(Créditos: Domínio Público)
Consolidou-se, então, o que era direita e esquerda no espectro político. O blogueiro confessa que odeia essa classificação por achar que existem várias nuances e pensamentos que não podem ser rotulados em apenas dois grupos, mas por vezes é necessário usá-los para ser entendido mais facilmente. 

Nos últimos tempos, a chamada direita cresceu de maneira exponencial em todo o mundo. Talvez o primeiro movimento a se fazer notado nas urnas (não se sabe se é causa ou consequência do aumento desse pensamento) foi o Tea Party, que surgiu em contraposição às medidas assistencialistas do presidente Barack Obama. 

Convém falar, porém, que o pensamento rapidamente se espalhou mundo afora - não só em eleições. O crescimento de grupos neonazistas (sobretudo na Europa) fala melhor que qualquer outra atitude. Uma das facetas mais controversas de quem partilha desse pensamento é a aversão aos migrantes - que, para quem não compactua com esse pensamento, chega a patamares xenófobos. Os tantos árabes que morrem e/ou ficam em condições sub-humanas (como esquecer da foto do garoto morto na Turquia?) mostram as consequências práticas que essa aversão pode ter quando levado a níveis extremos. 

(Créditos: Getty Images/Reprodução)
Alguns grupos de mídia também não escondem seu ar bem conservador. Mundialmente, a Fox News talvez seja o caso mais conhecido. No Brasil existem várias polêmicas que versam sobre um suposto favorecimento a quem tem viés mais de direita - como a edição do Jornal Nacional do último debate presidencial de 1989 ou a cobertura da Operação Lava-Jato pela grande mídia brasileira. Por aqui, a revista Veja e, mais recentemente, a rádio Jovem Pan são tidas como porta-vozes do pensamento conservador.

Embora não possa ser definido apenas por conta de eleições, é nas urnas que a direita mais cresceu - e mais chamou a atenção. Na Europa, países de todos os cantos (do Leste, do Centro, do Oeste, do Reuno Unido e até da Escandinávia, região tida como tradicionalmente social-democrata) apresentam grande crescimento dos partidos de extrema direita. Isso inclui países muito importantes para a geopolítica mundial, como a França e a Inglaterra. 

O Reino Unido, aliás, foi o palco de uma das grandes demonstrações de força do novo pensamento radical de direita. A consumação do BrExit, que tira o país da União Europeia, é a uma vitória da extrema direita - que, entre suas principais características, contém o nacionalismo e a vontade de se livrar cada vez mais da garra do Estado, seja ele qual for. Tais atributos atraíram os ultraconservadores britânicos, que venceram o pleito.

O grande salto mundial da extrema direita, porém, foi a recente eleição de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos. Após oito anos de governo democrata, os americanos escolheram pelo polêmico candidato republicano - que, inclusive, venceu em redutos tradicionalmente rivais, como os estados de Wisconsin, Ohio e Michigan. 

(Créditos: Mike Segar/Reuters)
No Brasil, a parelha eleição presidencial de 2014 já foi uma prévia de que o pensamento de direita/extrema direita tinha ressurgido (para muitos, resultado das Jornadas de Junho), mas foi em 2016 que os candidatos dessa corrente ideológica se destacaram. O forte pensamento antipetista após o impeachment catapultou candidatos do PSDB (principal força da direita brasileira) e de tendência conservadora nas eleições municipais do país.

Donald Trump, João Dória Jr. (eleito prefeito de São Paulo em primeiro turno, primeiro candidato a cosneguir isso na história da Nova República), o BrExit e a extrema direita eurocêntrica têm alguns pontos em comum. 

- A rejeição do rótulo de político, apresentando-se muito mais como um gestor e/ou empresário de sucesso
- As críticas ao sistema político e ao establishment
- Ideias neoliberais, como privatizações e fim de programas assistencialistas
- Valorização do povo local, desprezando quem é de fora dos limites do espaço a ser governado
- Crescimento ao aproveitar uma rejeição de seus adversários políticos, por fatores característicos de cada região

(Créditos: Democratize Mídia/Reprodução)
É óbvio que os fatores particulares de cada uma das situações apresentadas é de fundamental importância para cada eleição. Mas é curioso notar que, em pleitos tão distintos, existem pelo menos cinco pontos de convergência. 

Também é importante dizer que, como quase tudo na história, a política é um pêndulo. O pensamento conservador voltou à baila após ano de ostracismo. Daqui um tempo deve voltar à penumbra, e assim sucessivamente. Isso é democracia

O que choca muitos, porém, é o quanto os novos pensamentos conservadores vão de encontro a ideias que estavam muito enraizadas e começavam a se tornar até mesmo verdades absolutas: globalização, livre fronteira, livre comércio, rejeição a qualquer tipo de fobia social. Mais que qualquer ideia econômica, talvez sejam essas questões que entram até mesmo no estilo de vida de cada pessoa que irritem e causem tantos arrepios quando se pensa no futuro da política.

(Créditos: Twitter/Divulgação)
Os expoentes da nova extrema direita de hoje em dia, se estivessem na Revolução Francesa, talvez nem se sentassem na Assembleia Nacional Constituinte por terem ideais que, de tão conservadores, mais se assemelhem à Monarquia que à República ou à burguesia. Talvez eles se sentassem ainda à mais direita dos girondinos. Cabe à sociedade de hoje, que se julga tão aberta, saber aceitar e dialogar mesmo com quem, por vezes, não parece tão disposto a isso.

A política do século XXI ganhou um grande desafio. Vamos ver qual vai ser a reação a ele.

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Hilary já venceu a eleição nos EUA, diz a NFL (e outras curiosidades de Clinton, Trump e os esportes americanos)

(Créditos: ABC/Reprodução)
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É engraçado pensar que, ao contrário de tantos outros políticos americanos (e também da maioria dos Estados Unidos), Hillary Clinton e Donald Trump não ligam pra NFL. No caso da candidata democrata à presidência, o esporte que a prende é o baseball, organizado pela MLB: ela já foi várias vezes vista em jogos e com artigos do Chicago Cubs, embora também não negue simpatia pelo New York Yankees  -  e ela, certamente, está muito feliz com a épica vitória do Cubs na World Series, que pôs a fim a incríveis cento e oito anos de jejum.
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No caso do candidato republicano a situação não é de indiferença, é quase de ódio. Donald Trump, em 2014, chegou a cogitar comprar o Buffalo Bills  - negócio que não ocorreu. Porém, ao contrário de Clinton, o ~~amor~~ do candidato se dá quase que unicamente por conta do mercado dos negócios  - verdadeira praia de Trump.
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O triângulo entre Trump, futebol americano e negócios não para por aí. Ao comprar o New Jersey Generals, ele impulsionou uma liga que concorria com a NFL, chamada United States Football League - USFL. A liga deu errado, adivinhem, muito por conta da megalomania dele.
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Mais engraçado ainda é ver que a NFL pode explicar muito bem a eleição americana. Mais precisamente, o time de Washington D.C. (capital do país) ajuda a entender essa relação: se o Redskins (time de Washington na NFL) vencer o ultimo jogo que faz em casa antes da eleição, o partido que está no poder vence. Caso perca, quem leva a presidência é o partido da oposição. Essa teoria é tão bem aceita nos Estados Unidos que recebeu até nome: é a Redskins Rule.
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(Créditos: USA Today/Reprodução)
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Desde que os Redskins estão em Washington (o time foi fundado em 1932 como Boston Braves (no estado de Massachusetts) e se mudou para a atual sede em 1937), ocorreram dezenove eleições presidenciais. Em dezoito (ou seja, em 94,7% dos casos), a regra se confirmou.
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A centelha de esperança para Trump é que a única vez em que a regra falhou foi justamente na última eleição presidencial: o Redskins perdeu para o Carolina Panthers e o democrata Barack Obama venceu a eleição sobre Mitt Rommey.
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Também vale explicar uma “brecha” na regra que acontece por conta do sistema eleitoral americano, que não se dá diretamente pela votação popular  -  mas sim pelo Colégio Eleitoral, que faz com que os delegados de cada estado votem integralmente no candidato vencedor na unidade federativa, e não proporcionalmente de acordo com os números estaduais. Assim, quando o vencedor em números totais de votos não vence a eleição, a Redskins Rule fica invertida para as próximas eleições presidenciais.
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Isso já aconteceu uma vez: nas polêmicas eleições de 2000, quando Al Gore teve mais votos totais que George W. Bush e o republicano foi eleito presidente por conta do episódio que ocorreu na Flórida, o Redskins havia perdido dias atrás para o Tennessee Titans. Já em 2004, mesmo com a derrota do time de Washington para o Green Bay Packers (que deveria favorecer o democrata John Kerry), Bush se reelegeu.
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Hilary Clinton pode preferir a MLB, mas é à NFL que ela deve agradecer.

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Há muito mais que esporte no fim da fila do Chicago Cubs

(Créditos: Charles Le Claire/USA Today Sports)
Dentre as cinco major leagues dos esportes americanos, a MLB talvez seja a menos comentada no Brasil - a liga de baseball certamente é menos falada que a de futebol americano (NFL), futebol (MLS) e basquete (NBA), estando talvez no mesmo nível da competição de hóquei no gelo (NHL). A temporada que se encerrou ontem, porém, atraiu a atenção de várias pessoas não só no Brasil como também em todo o planeta.
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Pessoas que, muitas vezes, nem gostam tanto (ou não gostam) do esporte. Valia a pena ver a história, que estava sendo escrita (ou quebrada) diante dos olhos de quem acompanhasse os sete jogos da World Series (final da MLB). Não era para menos: os dois finalistas estavam há eras na seca. o Cleveland Indians não era campeão desde 1948; enquanto o Chicago Cubs não levantava o principal troféu da MLB desde, pasmem, 1908. 
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(Créditos: Chicago Tribune/Reprodução)
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O blogueiro foi um dos tantos que não gosta de baseball e acompanhou a série. A sensação de ver um tabu desses cair em uma final tão improvável era sedutora, mesmo não entendendo absolutamente nada do esporte. Gustavo Setti, jornalista e fã de esportes americanos em geral, ficou com a mesma impressão: "Ninguém acreditava que Cubs ou Indians finalmente pudessem acabar com a seca de títulos.Acredito que o impacto da vitória dos Cubs foi bem maior do que seria se outro time tivesse vencido a World Series. Por ter sido os Cubs e por toda essa história de maldição, fiquei com a impressão que as pessoas deram maior valor para a conquista. Até mesmo aqui no Brasil eu senti mais pessoas interessadas do que costuma acontecer em outras World Series. Mesmo quem não gosta do esporte ou não acompanha ficou curioso para saber o que estava acontecendo.", resume.
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Não bastava, porém, a final ser disputada entre duas equipe que somavam mais de cento e setenta anos sem títulos. A série inteira foi espetacular. Na melhor-de-sete, o Cleveland Indians venceu três dos quatro primeiros jogos (sendo dois em plena Chicago) e permitiu três triunfos consecutivos dos Cubs na sequência. 
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O último jogo, aliás, não precisa de muito para virar roteiro de filme. Chicago ganhava por três corridas até a penúltima entrada, quando Aroldis Chapman (melhor arremessador do time do Cubs, de acordo com Gustavo) cedeu três corridas para Cleveland. Antes da prorrogação, um temporal caiu e paralisou a finalíssima por cerca de vinte minutos, que viu Chicago anotar duas corridas e ceder apenas uma ao Indians na entrada extra.
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(Créditos: USA Today/Reprodução)
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Esportivamente, Setti elogia dois jogadores em especial: "O Aroldis Chapman tinha números espetaculares durante a temporada e era o grande astro do time no montinho - e isso tornou bastante curioso o que aconteceu com ele na final. Seria um desastre completo o principal pitcher do time entregar a World Series desse jeito. Já em toda a World Series, acredito que o Kris Bryant foi o grande nome dos Cubs. Ele foi consistente durante toda a série e, no Jogo 7, foi decisivo com duas corridas anotadas. Pra mim, ele é quem devia ter vencido o prêmio de MVP da World Series" (o vencedor do prêmio de Most Valuable Player das finais foi Ben Zobrist).
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O tabu, porém, acaba invadindo até mesmo a análise esportiva de quem entende do assunto: "Pelo histórico do Cubs, o jejum e todas essas maldições, todo mundo ficava com um pé atrás ao falar dos Cubs como favoritos apesar da campanha deles na temporada regular (a melhor do ano, com cento e três vitórias em cento e sessenta e um jogos)".
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É o imaginário popular, porém, que mais chama a atenção no fim da fila dos Cubs. Por conta da seca de títulos, o time ganhou até mesmo o apelido de “Lovable Losers” ("Adoráveis Perdedores"). No filme "De Volta Para o Futuro 2", de 1989, o Cubs aparece como campeão da World Series de 2015 - para dar um ar quase nonsense à trama. 
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(Créditos: De Volta Para o Futuro 2 - Reprodução)
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A história mais lembrada dos cento e oito anos de seca, porém, é a Maldição do Bode. Em 1945 (última World Series disputada pelo Cubs antes de 2016), um torcedor levou um bode para torcer pelo time e foi impedido de entrar. Ele, então, rogou a praga: o time jamais voltaria a ganhar um título. Outros episódios famosos foram a aparição do gato preto em um jogo decisivo (e perdido) pelo Cubs em 1969; e o caso Steve Bartman, em que um torcedor tirou a bola da mão de um atleta do Chicago Cubs na final da Liga Nacional (série anterior à World Series) de 2003. 
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Se o Cubs se viu livre de sua maldição, existem outros tantos times que passam a ser mais olhados como azarados. "Acredito que essa Maldição do Bode sempre vai ser lembrada, mas agora com um final feliz. Os esportes americanos são cheios dessas maldições, então agora as pessoas vão começar a dar mais atenção ao jejum dos outros times, como é o caso do próprio Indians, que não vence uma World Series há sessenta e nove anos (maior fila dos esportes americanos atualmente - e ironicamente)", comenta Gustavo.
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A seca que parecia eterna acabou da maneira mais espetacular possível. Para muitos, a ficha do Cubs campeão da World Series ainda não caiu. Resta saber, agora, quais serão os finais de outros jejuns e como os "Adoráveis Perdedores" se portarão no futuro. 

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Trilogia do Golpe - antes, depois e protestos

Sim, o blog está inativo há bastante tempo. Não pense que o blogueiro está contente com isso. Falta, basicamente, tempo para escrever. A postagem aqui no Blogger é bem mais burocrática que no Medium, por exemplo - genial ferramenta interligada ao Twitter. 
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O blogueiro quer voltar a postar no blog. Mas, enquanto isso não se concretiza, estreei meu Medium com três postagens acerca da situação política no país. A primeira, que antecedeu a consumação do Golpe em algumas horas; a segunda, mostrando o caminho das pedras para cassar o presidente Michel Temer; e, a terceira, mostrando uma linha cronológica de alguns fatos muito estranhos que ocorreram após o absurdo impeachment que o Brasil viveu.
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Para ler cada um desses textos (publicados de uma vez pois os três já perderam o timing para ser postados na íntegra), basta clicar nos links abaixo - que são os títulos de cada um deles. 
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Ademais, fica a saudade do blogueiro. A saudade da íntegra Dilma Rousseff, da democracia brasileira - que nos deixou na última semana, mas que torcemos e lutaremos para que volte. E, claro: fica aqui o repúdio e a promessa de que o governo que usurpou o poder que não é dele não terá descanso. 

domingo, 7 de fevereiro de 2016

Tabelão do carnaval 2016 - Rio de Janeiro

Após os desfiles das escolas de samba de São Paulo, as atenções dos foliões se voltam para a Marquês de Sapucaí. As escolas de samba do Grupo Especial do Rio de Janeiro começam a desfilar hoje com um componente extra para motivar os fãs: a safra espetacular de sambas-enredo - com apenas uma exceção, explicada no texto.
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A única mudança no regulamento é a volta do quesito Conjunto à apuração. No mais, tudo segue como antes: quatro julgadores, sem nenhum descarte de notas e com oitenta e dois minutos de tempo máximo de desfile.

Estácio de Sá
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Tradicionalíssima, a Estácio de Sá volta ao Grupo Especial nove anos depois da última participação e trouxe reforços - sem perder a base campeã do Grupo de Acesso do ano passado. Mestre Chuvisco segue à frente da Medalha de Ouro (que passou invicta na apuração passada); Wander Pires se junta a Dominguinhos e Leandro Santos no microfone; enquanto Chico Spinoza (que deu o únito título à escola, em 1992) auxilia Amauri Santos e Tarcísio Zanon no enredo sobre a história e a devoção à São Jorge. A receita para ficar no pelotão de elite (único objetivo de qualquer escola que sobe de divisão) foi bem feita, resta saber apenas se será o suficiente.
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Presidente: Leziário Nascimento
Bairro: Estácio
Ordem: primeira escola do domingo (07/02)
Em 2015: campeã do Grupo de Acesso:
Enredo: "Salve Jorge! O Guerreiro na Fé"
Diretores de carnaval: Marcão, Nelsinho e Roni
Diretores de Harmonia: Marcos Alexandre e Juninho Fonseca
Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Marcinho e Alcione
Puxadores: Wander Pires, Leandro Santos e Dominguinhos do Estácio
Carnavalescos: Amauri Santos, Tarcísio Zanon e Chico Spinoza
Bateria: Medalha de Ouro
Diretor de Bateria: Mestre Chuvisco
Fique de olho: mais que a eterna briga da campeã do Acesso para ficar no Especial, o retorno de dois integrantes históricos (Dominguinhos e Chico Spinoza) à Estácio na volta da escola ao grupo de elite promete ser emocionante.
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União da Ilha do Governador
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A escola insulana segue sem entender o que aconteceu em 2015. Tida como uma das favoritas ao título, a escola perdeu ao menos um décimo nos nove quesitos da apuração e acabou em um decepcionante nono lugar. A ordem não poderia ser outra: dar a volta por cima. Alex de Souza perdeu o posto de carnavalesco, sendo substituído por dois profissionais de resultados pouco expressivos: Paulo Menezes e Jack Vasconcelos, que fizeram um enredo mostrando o quanto a Cidade Maravilhosa é olímpica por natureza. Mestre Ciça segue à frente da bateria (a cada dia mais admirado pela comunidade da escola) e Ito Melodia segue "segurando a marimba" no carro de som.
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Presidente: Ney Filardi
Bairro: Cacuia
Ordem: segunda escola do domingo (07/02)
Em 2015: nona colocada do Grupo Especial
Enredo: "Olímpico por natureza. Todo mundo se encontra no Rio"
Diretor de carnaval: Márcio André
Diretor de Harmonia: Valber Frutuoso
Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Marcinho e Shayene
Puxador: Ito Melodia
Carnavalesco: Paulo Menezes e Jack Vasconcelos
Bateria: Bateria 40 Graus
Diretor de Bateria: Mestre Ciça
Fique de olho: para voltar às primeiras colocações, a Ilha voltou às origens. O tradicionalíssimo (e irresistível) toque de caixa voltou à bateria nas mãos de Mestre Ciça - o que gerou um samba bem cadenciado. A própria escolha por um enredo que fale do Rio é outro indicativo do resgate das tradições insulanas.
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Beija-Flor
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A base é a mesma de sempre e que é cantada em verso e prosa por todo mundo que acompanha carnaval: Neguinho no vocal, Laíla encabeçando a comissão de carnaval, Raíssa de Oliveira à frente da Soberana. O surpreendente é o enredo: proposto por um ritmista da escola, a atual papa-títulos do carnaval carioca contará a história do Marquês de Sapucaí - nome da avenida onde acontecem os desfiles. Se o enredo é muito bem feito (como é de praxe na escola, aliás), o samba divide opiniões - ao menos no CD cresceu demais, e a tendência é que a escola do coração do blogueiro suba ainda mais na avenida.
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Presidente: Farid Abrahão David
Bairro: Centro (Nilópolis)
Ordem: terceira escola de domingo (07/02)
Em 2015: campeã do Grupo Especial
Enredo: "Mineirinho Genial! Nova Lima – Cidade Natal. Marquês de Sapucaí – O Poeta Imortal"
Diretor de carnaval: Laíla
Diretor de Harmonia: Laíla
Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Claudinho e Selmynha Sorrizo
Puxador: Neguinho da Beija-Flor
Carnavalescos: comissão
Bateria: Soberana
Diretores de Bateria: mestres Plinio e Rodnei
Fique de olho: a rejeição à escola, que já era imensa (sabe-se lá por que), ficou ainda maior após o último título - que teve como enredo Guiné Equatorial, país africano que vive em estado ditatorial. Vamos ver como a arquibancada reage aos componentes.
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Acadêmicos do Grande Rio
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O terceiro lugar no carnaval passado pegou muita gente de surpresa, menos os integrantes da Tricolor de Duque de Caxias. No terceiro ano do ótimo Fabinho Ricardo como carnavalesco, um grande desafio: um enredo patrocinado sobre a cidade de Santos e muitas polêmicas com a inclusão ou não de trechos do Santos Futebol Clube no enredo da escola. Um pré-carnaval atribulado nunca é uma boa ideia e isso pode afastar a Grande Rio das primeiras colocações - apesar da manutenção de todo o competentíssimo staff do ano passado.
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Presidente: Milton Perácio
Bairro: Centro (Duque de Caxias)
Ordem: quarta escola de domingo (07/02)
Em 2015: terceira colocada do Grupo Especial
Enredo: "Fui no Itororó beber água, não achei. Mas achei a bela Santos, e por ela me apaixonei..."
Diretor de carnaval: Ricardo Fernandes
Diretor de Harmonia: Thiago Monteiro
Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Daniel e Verônica
Puxador: Emerson Dias
Carnavalesco: Fabinho Ricardo
Bateria: Invocada
Mestre de Bateria: Mestre Thiago Diogo
Fique de olho: a escola é, tradicionalmente, a que mais leva artistas para o Sambódromo. Para quem, gosta de misturar entretenimento com os desfiles é um prato cheio.
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Mocidade Independente de Padre Miguel
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Incomoda demais ver que todo ano a Mocidade, agremiação gigante por natureza, busca "lavar a alma" - esse ano, aliás, o verso está no belo samba da escola. Pentacampeã do carnaval, a Estrela-Guia tenta impedir vigésimo ano de jejum com um enredo perigoso: encarnar Dom Quixote na luta contra todas as injustiças e desigualdades brasileiras - temas com a temática do personagem célebre de Miguel de Cervantes pipocam aos montes por aí e podem enjoar o público. Com muitas mudanças no staff, a escola da Vila Vintém deve ter dificuldades até para voltar para o Desfile das Campeãs - para a qual não vai desde 2003.
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Presidente: Wandyr Trindade (Vô Macumba)
Bairro: Padre Miguel
Ordem: quinta escola de domingo (07/02)
Em 2015: sétima colocada do Grupo Especial
Enredo: "O Brasil de La Mancha - Sou Miguel, Padre Miguel. Sou Cervantes, Sou Quixote Cavaleiro, Pixote Brasileiro"
Diretores de carnaval: comissão
Diretor de Harmonia: Rômulo Ramos
Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Diogo e Cristiane
Puxador: Bruno Ribas
Carnavalesco: Alexandre Louzada
Bateria: Não Existe Mais Quente
Mestre de Bateria: Mestre Dudu
Fique de olho: tradicionalmente uma das baterias mais fortes do carnaval carioca, Mestre Dudu estreia sozinho à frente de um quesito que desde 2004 perde pelo menos um décimo na apuração. 
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Unidos da Tijuca
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Quando o enredo (patrocinado) foi anunciado pela escola do Morro do Borel, a pergunta e as críticas se confundiam. Afinal de contas (e com todo o respeito que tenho pela cidade mato-grossense), o que poderia ser falado da cidade de Sorriso? Para desenvolver o samba (fruto de um enredo que fala muito menos do município que de agricultura o que pode complicar o Pavão na apuração), foi formado um comitê de sambistas bem inusitado que inclui Dudu Nobre, Zé Paulo Sierra (puxador da Viradouro) e Gustavo Clarão (presidente da escola de Niterói). Seria impossível ser melhor, com um samba espetacular. Se a comissão de carnavalescos não agrada, o show da bateria está garantido: a escola venceu o Estandarte de Ouro do ano passado.
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Presidente: Fernando Horta
Bairro: Tijuca
Ordem: sexta (e última) escola do domingo (07/02)
Em 2015: quarta colocada do Grupo Especial
Enredo: "Semeando sorriso, a Tijuca festeja o solo sagrado"
Diretor de carnaval: Fernando Costa
Diretor de Harmonia: Fernando Costa
Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Julinho e Ruth
Puxador: Tinga
Carnavalescos: comissão
Bateria: Pura Cadência
Diretor de Bateria: Mestre Casagrande
Fique de olho: no início do período carnavalesco, Mestre Casagrande por muito pouco não saiu da escola e foi para a Mocidade Independente. Embora seu prestígio no carnaval siga inabalado, a comunidade do Morro do Borel ainda tem algum ressentimento.
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Unidos de Vila Isabel
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O ano de 2013 não acabou no Morro dos Macacos. Ainda em dificuldades financeiras, a escola do bairro de Noel Rosa não conseguiu manter Max Lopes e trouxe Alex de Souza - de trabalho ruim na União da Ilha em 2015. Se a direção parece não saber para onde correr, o desfile promete ter muita garra: o bom enredo sobre Miguel Arraes teve samba composto por Martinho da Vila, Mart'nália, Arlindo Cruz e André Diniz. Canção, aliás, que será puxada pelo competentíssimo Igor Sorriso - debutando na agremiação após dez anos na São Clemente.
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Presidente: Luciano Ferreira
Bairro: Vila Isabel
Ordem: primeira escola da segunda-feira (08/02)
Em 2015: décima primeira colocada do Grupo Especial
Enredo: "Memórias do 'Pai Arraia' - um sonho pernambucano, um legado brasileiro."
Diretores de carnaval: comissão
Diretor de Harmonia: Décio Bastos:
Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Phelipe e Dandara
Puxador: Igor Sorriso
Carnavalesco: Alex de Souza
Bateria: Swingueira de Noel
Mestre de Bateria: Mestre Wallan
Fique de olho: desfilar no primeiro horário é sempre um desafio por conta do público mais frio que o costume. Desacostumada com a situação, a Vila pode sofrer.
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Acadêmicos do Salgueiro
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Temas tipicamente cariocas tornaram-se a especialidade salgueirense de uns tempos para cá. Após alguns anos fugindo do tema, ele volta com força total - a Academia do Samba falará sobre os malandros da Cidade Maravilhosa. Além de todas as polêmicas entre Quinho (histórico puxador salgueirense que saiu da agremiação após tentar tornar-se presidente da escola) e a atual mandatária Regina Celi, o pré-carnaval teve outro incidente: o acidente automobilístico que sofreu Sidcley, mestre-sala da escola - quesito, aliás, que custou dois décimos para o Salgueiro ano passado; mas que a diretoria manteve com ele e com a porta-bandeira Marcella.
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Presidente: Regina Celi
Bairro: Andaraí
Ordem: segunda escola da segunda-feira (08/02)
Em 2015: vice-campeã do Grupo Especial
Enredo: "A Ópera dos Malandros"
Diretor de carnaval: Dudu Azevedo
Diretor de Harmonia: Jô Calça Larga
Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Sidcley e Marcella
Puxadores: Serginho do Porto e Leonardo Bessa
Carnavalescos: Renato Lage e Márcia Lage
Bateria: Furiosa
Diretor de Bateria: Mestre Marcão
Fique de Olho: o enredo da escola é um dos mais saudados desse carnaval, bem como o samba-enredo. Unindo isso à característica salgueirense de explodir na avenida, a Sapucaí pode ver algo surpreendente.
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São Clemente
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Eis aqui a única exceção que o blogueiro falou no começo do texto: não que o samba-enredo seja ruim, não é isso. Ele só está a anos-luz de distância dos demais, das melhores safras quiçá da história do carnaval carioca. É claro que ele pode complicar a única escola da Zona Sul no Especial, mas isso é pouco provável. Com a carnavalesca que ganha títulos e faz história por onde passa pelo segundo ano consecutivo, a tendência é que os cinco décimos perdidos em quesitos estéticos sejam diminuídos ou sanados. Invicta na apuração, Gil e Caliquinho seguem à frente da bateria - e vão ter muito trabalho para dar vida à canção da escola clementiana. Leozinho Nunes estreia nos vocais e quer dar seguimento à escola preta-e-amarela de formar ótimos intérpretes - os dois últimos foram Igor Sorriso (na Vila Isabel e na Mocidade Alegre) e Leonardo Bessa (no Salgueiro).
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Presidente: Renato Almeida Gomes (Renatinho)
Bairro: Botafogo
Ordem: terceira escola de segunda-feira (08/02)
Em 2015: oitava colocada do Grupo Especial
Enredo: "Mais de mil palhaços no salão"
Diretor de carnaval: Ricardo Almeida Gomes
Diretor de Harmonia: Marquinhos Harmonia
Mestre-Sala e Porta Bandeira: Fabrício e Denadir
Puxador: Léozinho Nunes
Carnavalesca: Rosa Magalhães
Bateria: Fiel
Diretor de Bateria: mestres Gil e Caliquinho
Fique de olho: a preto-e-amarela da Zona Sul já chega a 2016 como vitoriosa por conta do sexto ano seguido no Grupo Especial - recorde da agremiação. Resta saber se o clima de festa relaxará ou dará ainda mais ânimo para os componentes.
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Portela
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Paulo Barros é o carnavalesco dos sonhos de qualquer um que tenha uma escola de samba do coração. A única exceção talvez seja o adepto portelense. E, bem, não preciso nem dizer em qual escola ele trabalhou em 2016. O tão vanguardista carnavalesco chega à Águia e já causou das suas: com um enredo de entendimento dificílimo sobre viagens (seria uma viagem? A ironia parece ser a marca da Portela em 2016), a qualidade dos sambas recentes da escola de Madureira decaiu - algo que já era esperado, já que as sinopses de Paulo Barros são pouco simpáticas aos compositores; embora a canção tenha muita valia. É difícil prever qualquer coisa para a Portela em 2016 com esse cenário.
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Presidente: Sérgio Procópio
Bairro: Madureira
Ordem: quarta escola da segunda-feira (08/02)
Em 2015: quinta colocada do Grupo Especial
Diretor de carnaval: Luiz Carlos Bruno
Diretores de Harmonia: comissão
Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Alex e Danielle
Puxadores: Gilsinho e Wantuir
Carnavalesco: Paulo Barros
Bateria: Tabajara do Samba
Diretor de Bateria: Mestre Nilo Sérgio
Fique de olho: Paulo Barros é famoso por suas alegorias dinâmicas, enquanto a imagem mais marcante do carnaval de 2015 foi a Águia Redentora se abaixando pra passar pela torre da TV. Como serão os carros alegóricos da Portela esse ano? Mais: como será a tão tradicional águia portelense de Paulo Barros?
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Imperatriz Leopoldinense
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Zezé di Camargo e Luciano? Todo mundo se fez a mesma pergunta quando o enredo gresilense saiu. Com muita personalidade, Cahê Rodrigues bateu no peito e assumiu o enredo - que fala tanto da vida caipira quanto da dupla sertaneja. O samba caiu no colo de quem é craque nessa arte: Zé Katimba tirou de letra e fez a melhor canção de uma safra riquíssima por fugir de todo e qualquer lugar comum - apenas uma citação de música e compondo um samba-enredo que lembra vários outros subgêneros do samba, mas não o de enredo. Conta contra a escola de Ramos as mudanças no staff, com as chegadas de Marquinho Art'Samba nos vocais e de Mestre Lolo para a bateria.
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Presidente: Luizinho Drummond
Bairro: Ramos
Ordem: quinta escola da segunda-feira (08/02)
Em 2015: sexta colocada do Grupo Especial
Diretor de carnaval: Wagner Araújo
Diretor de Harmonia: Júnior Escafura
Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Rogerinho e Rafaela
Puxador: Marquinho Art'Samba
Carnavalesco: Cahê Rodrigues
Bateria: Swing da Leopoldina
Diretor de Bateria: Mestre Lolo
Fique de olho: de longe a bateria mais problemática do carnaval passado, a Imperatriz trouxe um dos destaques do Grupo de Acesso para comandar os ritmistas. Em quatro anos, Mestre Lolo tirou apenas um 9.9 na Audaciosa (nome da bateria da União do Parque Curicica), com todas as outras notas máximas.
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Estação Primeira de Mangueira
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Há muitos anos a verde-e-rosa se desencontrou - e, nos últimos tempos, acostumou-se a ficar na metade de baixo da tabela. O chacoalhão foi dado e é de uma imensa ousadia: quem substitui Cid Carvalho na escola é Leandro Vieira, que estreou em 2015 na Caprichosos de Pilares (no Grupo de Acesso) e foi, com sobras, a revelação do ano no carnaval carioca. Se a ousadia vai dar certo ou errado só veremos na Sapucaí - e a Mangueira parece não ter se livrado de seus antigos problemas financeiros O que podemos ter certeza é que o carnavalesco fez um enredo muito lírico sobre Maria Bethânia, focando mais na religiosidade que na carreira da cantora baiana. Lamenta-se apenas a tragédia com Luizito, o puxador escolhido a dedo para substituir a lenda chamada Jamelão: vítima fatal de um infarto em setembro (quando voltava de um ensaio da escola, inclusive), o intérprete foi substituído às pressas pelo sempre competente Ciganerey.
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Presidente: Chiquinho da Mangueira
Bairro: Mangueira
Ordem: sexta (e última) escola da segunda-feira (08/02)
Em 2015: décima colocada do Grupo Especial
Diretor de carnaval: Júnior Schall
Diretor de Harmonia: Edson Goes (Edinho)
Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Raphael e Squel
Puxador: Ciganerey
Carnavalesco: Leandro Vieira
Bateria: Tem Que Respeitar Meu Tamborim
Diretor de Bateria: mestres Vitor Art e Rodrigo Explosão
Fique de olho: é muito positivo para o carnaval como um todo que a Mangueira feche os desfiles - isso mantém o sambódromo lotado. A combinação será ainda mais explosiva com o samba que é mais cantado nas ruas do Rio de Janeiro. Podendo entrar por volta das 5h, a verde-e-rosa deve fazer uma imensa festa na Sapucaí.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Tabelão do carnaval 2016 - São Paulo

Acabou a espera! Quase um ano depois, as escolas de samba voltam a desfilar no Anhembi e a encher de alegria a vida de componentes, ritmistas e torcedores. Depois de algum tempo de inatividade (seja no carnaval, seja no geral), o Blog Santa Zona volta em grandes estilo e falando de uma das especialidades da casa. 
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Segue tudo o que você precisa saber para acompanhar o carnaval paulistano. Sempre lembrando que as cinco primeiras colocadas voltam na sexta-feira (12/02) para o Desfile das Campeãs e as duas últimas são substituídas pela campeã e pela vice do Grupo de Acesso em 2017 - sendo que as escolas que sobem também desfilam na sexta-feira. Vale destacar que o tempo de desfile segue o mesmo: sessenta e cinco minutos.
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Pérola Negra
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Ninguém entendeu direito o rebaixamento da em 2014 - a escola vinha bem e não era cotada para cair em nenhum prognóstico. Vice do Acesso em 2015, a Pérola Negra volta e tem como única missão ficar no Grupo Especial. O enredo é, de longe, um dos mais originais de São Paulo: a Jóia Rara canta a história da Vila Madalena (seu próprio bairro) de acordo com a dança, dos índios até os dias de hoje. O que resultou em um belo samba pode não ser o suficiente se o pouco dinheiro da escola custar pontos nos quesitos estéticos (principalmente Alegorias e Adereços, o segundo pior da escola no ano passado); e se a Pérola, das escolas mais simpáticas de São Paulo, seguir com seus componentes frios (dos onze décimos perdidos pela agremiação em 2015, cinco foram em Harmonia e Evolução).
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Presidente: Geraldo Bezerra (Dinho)
Bairro: Vila Madalena
Ordem: primeira escola da sexta-feira (05/02)
Em 2015: vice-campeã do Grupo de Acesso
Enredo: "Do Canindé ao samba no pé. A Vila Madalena nos passos do balé"
Diretor de carnaval: Jairo Rozen
Diretor de Harmonia: Valmir Telles
Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Everson e Gisa
Puxador: Juninho Branco
Carnavalesco: Fábio Borges
Bateria: Ritmo Terror
Diretor de Bateria: Mestre Nê
Fique de olho: dentre os momentos citados no enredo, os dois últimos são muito curiosos: o agito da Vila Madalena durante a Copa do Mundo e uma homenagem aos enterrados no Cemitério São Paulo.
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Unidos de Vila Maria
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Trazer o carnavalesco campeão no último ano é o grande investimento feito pela escola do Jardim Japão para 2016. Se ele não pode definir o enredo (patrocinado pela prefeitura de Ilhabela), o profissional foi muito feliz no desenvolvimento do enredo - que, aliás, gerou um dos melhores sambas do carnaval de São Paulo. A escola perdeu dez dos onze décimos do ano passado em apenas dois quesitos (Alegorias e Adereços e Evolução) e, com um pouco mais de dinheiro e com seus componentes cantando, pode sonhar alto em 2016.
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Presidente: Adilson José de Souza
Bairro: Vila Maria
Ordem: segunda escola de sexta-feira (05/02)
Em 2015: décima colocada do Grupo Especial
Enredo: "A Vila mais famosa é a mais bela, Ilha bela da fantasia"
Diretor de carnaval: Mario Giangiacomo
Diretor de Harmonia: Demis Roberto
Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Edgar e Laís
Puxador: Clóvis Pê
Carnavalesco: Alexandre Louzada
Bateria: Raiz Verdadeira
Diretor de Bateria: Mestre Rodrigo Moleza
Fique de olho: em 2015, a Vila Maria teve a comissão-de-frente mais chamativa do carnaval paulistano, emulando uma cena do filme "Diamantes de Sangue". Resta saber se o quesito seguirá forte esse ano.
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Águia de Ouro
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Escola de crescimento vertiginoso nos últimos anos, a escola perdeu um de seus pilares: o carnavalesco Cebola foi substituído por André Marins, que comandará o carnaval ao lado de Amarildo de Mello - que vai para seu terceiro ano na escola da Pompéia. O enredo, bem mais simplista que o de anos anteriores e que fala sobre o sentimento materno tendo como pano de fundo Maria de Nazaré, é um dos pontos fracos da escola esse ano - que, aliás, gerou um samba de pouca inspiração. O desfile, aliás, é uma incógnita sem Cebola - que perdeu quatro dos sete décimos em 2015 no quesito Fantasia, tido como crucial para a agremiação.
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Presidente: Sidnei Carrioullo Antônio
Bairro: Pompéia
Ordem: terceira escola de sexta-feira (05/02)
Em 2015: quarta colocada no Grupo Especial
Enredo: "Ave Maria cheia de faces"
Diretor de carnaval: comissão
Diretores de Harmonia: comissão
Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Kawan e Ana
Puxador: Douglinhas
Carnavalesco: André Marins e Amarildo de Mello
Bateria: Batucada da Pompéia
Diretor de Bateria: Mestre Juca
Fique de olho: Mestre Juca é um dos grandes baluartes do carnaval paulistano. Sempre da Águia de Ouro, sua bateria por muitas vezes levou toda a escola nas costas com várias paradinhas e inovações - mas, nos últimos tempos, ele tornou-se mais conservador. Mesmo assim, é um show à parte. 
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Rosas de Ouro
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O terceiro lugar de 2015 deixou um gosto amargo na Roseira. Mesmo sendo uma das principais escolas de São Paulo há muito tempo, a presidente Angelina Basília não perdoou os jurados - que canetaram até mesmo as fantasias da Rosas, historicamente um dos pontos fortes da agremiação. Apesar disso, uma grande mudança aconteceu: desde 2008 na escola da Brasilândia, Jorge Freitas deixou de ser o carnavalesco da Rosas - André Cezari o substitui. O enredo é ousado e surpreende por ser feito por uma agremiação que há anos aborda seus temas com um quê de magia e contos de fadas: tatuagem.
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Presidente: Angelina Basílio
Bairro: Freguesia do Ó
Ordem: quarta escola de sexta-feira (05/02)
Em 2015: terceira colocada do Grupo Especial
Enredo: "Arte à flor da pele. A minha história vai marcar você."
Diretor de carnaval: Alexandre Vicente
Diretor de Harmonia: João Roberto Dias
Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Isabel e Marquinhos
Puxador: Darlan Alves
Carnavalesco: André Cezari
Bateria: Bateria Com Identidade
Diretor de Bateria: Mestre Rafael Gordinho
Fique de olho: nascida na Freguesia do Ó, Ellen Rocche é foliã desde pequena da escola. Hoje, não por acaso, é rainha da bateria. E é difícil não ficar de olho nela quando ela se faz presente em qualquer lugar.
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Nenê de Vila Matilde
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Grande surpresa de 2015, com um samba-enredo que funcionou bem demais no Anhembi e um desfile forte como há tempos não se via da tradicionalíssima escola da Zona Leste, parece que a Nenê não conseguiu aproveitar o embalo. Com um enredo homenageando Claudia Raia e saudando-a como a rainha do teatro musical (mas falando da vida pessoal e demais vertentes profissionais da atriz), o samba-enredo foi muito criticado por boa parte dos que acompanham o samba paulistano - até mesmo Agnaldo Amaral parece desanimado na faixa do CD. Com um carnavalesco novo e muito contestado, a escola deve brigar na parte de baixo da tabela.
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Presidente: Rinaldo José de Andrade (Mantega)
Bairro: Vila Matilde
Ordem: quinta escola da sexta-feira (05/02)
Em 2015: sétima colocada do Grupo Especial
Enredo: "Nenê apresenta seu musical: Rainha Raia nas Asas do Carnaval"
Diretora de carnaval: Lucia Helena
Diretor de Harmonia: Marcio Telles
Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Jefferson e Janny
Puxador: Agnaldo Amaral
Carnavalesco: Roberto Szaniecki
Bateria: Bateria de Bamba
Diretor de Bateria: Mestre Markão
Fique de olho: as escolas de samba da Zona Leste são conhecidas pela raça de seus componentes, que chegam comendo o asfalto todo ano. Grande campeã da região, vai ser interessante ver como a agremiação da Vila Matilde cantará um samba criticadíssimo.
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Gaviões da Fiel
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É nítido que a escola corinthiana há tempos não tem a mesma força de outrora. Em 2016, os problemas parecem estar ainda mais nítidos por um motivo: o enredo, que fala de tudo que é fantástico, não tem nada de fantástico. Esse, aliás, é um dos perigos de se fazer um enredo de referências: as chances de se fazer algo sem pé nem cabeça e superficial são imensas. Bola fora do carnavalesco Zilkson Reis - que, desde que voltou à escola, ainda não provou a que veio. A Fiel deve se preocupar com a parte de baixo da tabela mais uma vez - até por conta do samba, correto demais e bem pouco contagiante.
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Presidente: Wagner da Costa
Bairro: Bom Retiro
Ordem: sexta escola da sexta-feira (05/02)
Em 2015: nona colocada do Grupo Especial
Enredo: "É Fantástico! Imagine, admire e sinta!"
Diretor de carnaval: Igor Carneiro
Diretores de Harmonia: comissão
Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Wagner e Drika
Puxador: Ernesto Teixeira
Carnavalesco: Zilkson Reis
Bateria: Ritimão
Diretor de Bateria: Mestre Pantchinho
Fique de olho: dos poucos destaques da escola em 2015, a Ritimão ganhou o Troféu Nota 10 de melhor bateria do Grupo Especial. Resta saber se os ritmistas seguirão com o bom momento
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Acadêmicos do Tatuapé
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De candidata-surpresa ao título à quase rebaixada. O 2015 da escola foi de fortíssimas emoções - e de um estouro no cronômetro que quase a vitimou na apuração. O enredo, embora antipático para muitos, foi muito bem trabalhado e tem tudo a ver com carnaval: uma homenagem à Beija-Flor de Nilópolis. Bonito no CD, o samba tende a cair na avenida sem os metais que abrilhantaram a faixa. Pensando que a escola perdeu pontos apenas em Evolução (nada mais normal para quem estourou o cronômetro) e em Alegorias e Adereços e Fantasia, o recado é claro: se ajustar os quesitos estéticos, dá pra ir muito longe na classificação.
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Presidente: Eduardo dos Santos
Bairro: Tatuapé
Ordem: sétima (e última) escola da sexta-feira (05/02)
Em 2015: décima segunda colocada do Grupo Especial
Enredo: "É ela, a Deusa da Passarela - Olha a Beija-flor aí gente!"
Diretores de carnaval: comissão
Diretor de Harmonia: Edu Sambista
Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Diego e Jussara
Puxador: Celsinho
Carnavalesco: Mauro Xuxa
Bateria: Qualidade Especial
Diretor de Bateria: Mestre Igor
Fique de olho: tida como antipática por muitos, a homenagem à Beija-Flor pode render uma arquibancada fria para a escola do Tatu. O fato de ser a última escola a desfilar na noite pode potencializar isso.
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Unidos do Peruche
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Em 2015, tudo levava a crer que a Peruche seguiria em seu momento delicadíssimo - correndo o risco até de cair para os grupos da UESP (terceiro nível do carnaval paulistano). Eis que surge Murilo Lobo. Com um enredo belíssimo e um desfile muito acima das expectativas, a Peruche foi campeã do Acesso de maneira mais do que surpreendente. A escola parece ter mantido o embalo em 2016: o enredo fala do centenário do samba e gerou um samba muito elogiado por todos. O Calcanhar-de-Aquiles perucheano (e de qualquer escola que suba para o Grupo Especial) segue sendo os quesitos estéticos; mas, se a escola melhorar nisso, a manutenção da Filial do Samba no pelotão principal do carnaval de São Paulo não só é possível como é provável.
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Presidente: Sidney de Moraes 
Bairro: Parque Peruche
Ordem: primeira escola do sábado (06/02)
Em 2015: campeã do Grupo de Acesso:
Enredo: "Ponha um pouco de amor numa cadência e vai ver que ninguém no mundo vence a beleza que tem o samba... 100 anos de samba, minha vida, minha raiz"
Diretor de carnaval: Ednaldo
Diretor de Harmonia: Antonio Soares
Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Fabiano e Thaís
Puxador: Toninho Penteado e Quinho
Carnavalesco: Murilo Lobo
Bateria: Rolo Compressor
Diretor de Bateria: Mestre Marquinhos
Fique de olho: vai ser interessantíssimo ver se a escola vai causar a surpresa de 2015, agora no Grupo Especial. A última vez que a Filial do Samba foi para o Desfile das Campeãs foi no distante ano de 1996.
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Império de Casa Verde
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Entra ano e sai ano e a escola do Tigre parece não ter forças para voltar a brilhar no Grupo Especial. A esperança imperiana recai sobre o novo carnavalesco da escola: Jorge Freitas, com passagem vitoriosa pela Rosas de Ouro - apesar de um enredo um tanto quanto confuso sobre mistérios, que rendeu um samba sem muito brilho. 
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Presidente: Alexandre Furtado
Bairro: Casa Verde
Ordem: segunda escola do sábado (06/02)
Em 2015: oitava colocada do Grupo Especial
Enredo: "O Império dos Mistérios"
Diretores de carnaval: Tiguês e Celsinho
Diretores de Harmonia: comissão
Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Marlon e Jessica
Puxador: Carlão Junior
Carnavalesco: Jorge Freitas
Bateria: Barcelona do Samba
Diretor de Bateria: Mestre Zoinho
Fique de olho: respeitadíssima, a bateria da Império não conseguiu tirar apenas notas dez pelo oitavo consecutivo. Famoso por suas bossas e invenções, Mestre Zoinho tem um grande desafio pela frente.
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Acadêmicos do Tucuruvi
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Cada vez mais forte, o Gafanhoto chega a 2016 podendo sonhar alto mais uma vez. Após um contestadíssimo sexto lugar (com direito a dois décimos subtraídos do samba-enredo, discutivelmente o melhor do carnaval passado) em 2015, a escola do Extremo Norte de São Paulo canta as festas religiosas brasileiras em um enredo muito bem trabalhado pelo ótimo Wagner Santos - que, bem como a própria Tucuruvi, merece um título há algum tempo. 
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Presidente: Hussein Abdo El-Selam (Seu Jamil)
Bairro: Tucuruvi
Ordem: terceira escola do sábado (06/02)
Em 2015: sexto lugar do Grupo Especial
Enredo: "Celebrando a religiosidade, Tucuruvi canta as festas de Fé!"
Diretor de carnaval: Marcelo Japonês
Diretores de Harmonia: Sergio Luis e Ricardo Gimenes
Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Renatinho e Fabíola
Puxador: Alex Soares
Carnavalesco: Wagner Santos
Bateria: Pulso Forte
Diretor de Bateria: Mestre Guma Sena
Fique de olho: em 2015, a escola perdeu vários décimos em Fantasias pelo segundo ano consecutivo. O alerta está acesso para o Gafanhoto.
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Mocidade Alegre
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A atual papa-títulos do carnaval paulistano é, com alguma sobra, a principal favorita ao título de 2016 no pré-carnaval. Sim, não se ganha carnaval na véspera, mas isso ajuda bastante no dia do desfile. Com um enredo lindíssimo sobre Ayô (que, na tradição africana, foi a força libertada do tambor de Xangô e que fez surgir o samba) e sobre o gênero musical que fez surgir, certamente veremos a Morada do Samba nas primeiras colocações novamente - aliás, é o palpite do blogueiro para o título. Samba viciante, staff competente, uma escola que sabe como ganhar carnaval: não percam a chance de ver a escola desfilar em 2016.
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Presidente: Solange Cruz Bichara Rezende
Bairro: Limão
Ordem: quarta escola do sábado (06/02)
Em 2015: vice-campeã do Grupo Especial
Enredo: "Ayô - A alma ancestral do Samba"
Diretor de carnaval: Junior Dentista
Diretora de Harmonia: Erika Ferreira
Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Emerson e Karina
Puxador: Igor Sorriso
Carnavalesco: Sidnei França
Bateria: Ritmo Puro
Diretor de Bateria: Mestre Sombra
Fique de olho: dos quatro décimos perdidos em 2015, três vieram da Evolução - fruto de um andamento rápido demais imposto pela sempre elogiável bateria Ritmo Puro. Até por isso o samba de 2016 é levíssimo e cheio de ginga no CD. Será assim na avenida?
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Vai-Vai
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Esqueça o clima elétrico e emocionante que o desfile e o samba sobre Elis Regina trouxeram em 2015. Em 2016, a Escola do Povo abusou do piegas para fazer um enredo que não sabe se quer homenagear a França ou falar sobre a influência do país no mundo ou em São Paulo - uma imensa bola fora dos vitoriosíssimos Renato e Márcia Lage. O samba assumiu a cara thrash do enredo e é apenas para cima, com pouquíssima inspiração. Para completar, a Saracura trouxe Wander Pires (que atravessou o samba de maneira vergonhosa em 2012), muito longe do seu auge, para cantar o samba. Uma boa colocação seria uma grata surpresa - lembrando sempre que o blogueiro é torcedor da escola.
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Presidente: Darly Silva (Neguitão)
Bairro: Bixiga
Ordem: quinta escola do sábado (06/02)
Em 2015: campeã do Grupo Especial
Enredo: "Je Suis Vai-Vai"
Diretor de carnaval: Janaina Decarli
Diretor de Harmonia: Fernando Penteado
Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Pingo e Paulinha
Puxador: Wander Pires
Carnavalesco: Renato Lage e Márcia Lage
Bateria: Pegada de Macaco
Diretor de Bateria: Mestre Tadeu
Fique de olho: se os prognósticos para o desfile são pessimistas, a Vai-Vai não é conhecida como a Escola do Povo à toa. O show dado pela torcida da escola mais popular de São Paulo, ao menos, está garantido.
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Dragões da Real
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Desde que chegou ao Grupo Especial, a Dragões investe em enredos pouco populares (embora bem-feitos), que fizeram a tricolor se tornar uma escola de pouca interação com o público. Entretanto, o premiadíssimo conjunto estético da Dragões faz com que a agremiação são-paulina não pare de crescer. Espere mais disso tudo em 2016, em um desfile falando sobre presentes.
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Presidente: Renato Remondini Rodrigues (Tomate)
Bairro: Vila Anastácio
Ordem: sexta escola do sábado (07/02)
Em 2015: quinta colocada do Grupo Especial
Enredo: "Surpresa! Adivinha o que eu trouxe para você?"
Diretor de carnaval: Junior Schall
Diretor de Harmonia: Rogério Felix
Mestre-sala e Porta-Bandeira: Rubens e Lisandra
Puxador: Daniel Collete
Carnavalescos: comissão
Bateria: Ritmo Que Incendeia
Diretor de Bateria: Mestre Tornado
Fique de olho: o puxador Daniel Collete é famoso por seus figurinos extravagantes em desfiles. Não me surpreenderia se ele viesse embrulhado nesse ano para combinar com o enredo.
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X9 Paulistana
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Fechando o carnaval pelo segundo ano consecutivo, a X9 ainda tenta entender os motivos que fizeram com que a escola deixasse de frequentar as primeiras colocações há alguns anos. O resultado decepcionante de 2015 não foi bem digerido por ninguém na escola, que segue apostando em boa parte do staff do ano passado. O enredo sobre a lenda de origem do açaí e sobre o quarto centenário de Belém do Pará é muito bem amarrado, e o samba traz muita inspiração - além, é claro, do sempre ótimo Royce do Cavaco nos vocais.
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Presidente: André Santos
Bairro: Parada Inglesa
Ordem: sexta (e última) do sábado (06/02)
Em 2015: décima primeira colocada do Grupo Especial
Enredo: "Açaí guardiã! Do amor de Iaçã ao esplendor de Belém do Pará"
Diretor de carnaval: Carlos Pires
Diretor de Harmonia: Eduardo Carvalho
Mestre-Sala e Porta Bandeira: Ruhanan e Ana Paula
Puxador: Royce do Cavaco
Carnavalesco: André Machado
Bateria: Pulsação Nota Mil 
Diretor de Bateria: Mestre Vitor da Candelária
Fique de olho: desde 2009 a bateria da X9 Paulistana perde pelo menos um décimo no quesito. A diretoria inovou e trouxe Vitor da Candelária - que era assistente na bateria da Mangueira. 
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Grupo de Acesso
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Escola que há tempos não consegue sair do Acesso, a tradicionalíssima Camisa Verde e Branco tem tudo para voltar por conta de seu belo enredo e lindíssimo samba sobre o banho. A segunda vaga deve ser disputadíssima entre Mancha Verde, Tom Maior e Leandro de Itaquera - com a cada vez mais forte Colorado do Brás correndo por fora e a Morro da Casa Verde sonhando. A curiosidade fica por conta das nove escolas do Acesso, que tradicionalmente tem oito agremiações - isso acontece porque a Independente (que deve lutar para ficar no Acesso junto com a Barroca Zona Sul e a Imperador do Ipiranga) foi considerada hors-concours em 2015 por desfilar com pouca luminosidade.